moçambique
ficar
invisível ou expor-se ?
Brigitte
Bangol (antropóloga), para a exposição
MANAS
Julho
2003: Algumas pessoas apesar de serem biológicamente
homens ou mulheres sentem que pertencem ao outro género.
Aprender
a sentir que se pertence ao género masculino ou feminino
é um processo longo que se inicia no momento em que
se nasce e prossegue durante a socialização
sexual.
Mesmo
se a anatomia das pessoas tem importância no desenvolvimento
dessa "consciência de pertença" ao
género masculino ou feminino, por si só não
basta.
A identidade
de género é construída nas relações
que cada um estabelece com a família e com a sociedade,
à qual se soma a percepção que se vai
adquirindo do próprio corpo. Esta refere-se ao conjunto
de sensações internas que estão presentes
em cada indivíduo e que o fazem sentir que pertence
ao género masculino ou feminino, que é homem
ou mulher.
Para
pessoas que se sentem pertencer a um género diferente
do seu sexo biológico, a invisibilidade é
geralmente a garantia necessária para que a sociedade
não se sinta agredida. A invisibilidade é
também assumida socialmente por estas pessoas como
a única fórmula que permite assumir um género
fora do padrão social sem serem agredidas.
Se,
por um lado, a invisibilidade não permite a estigmatização
é, por outro lado, a expressão de um problema
individual e colectivo.
Expôr-se
é um acto de coragem.