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Fernando Duarte

Um carioca na terra de dona Elizabeth II

fduarte40@btopenworld.com

Enviado por Fernando Duarte -
16/12/2008
-
10:01

Vingança, prato servido congelado

Rita nem me deixou completar a resposta da pergunta que fizera de maneira casual sobre minha procedência, apenas para puxar assunto do hóspede que fazia hora no café do Reykjavyk Central Hotel à espera do sinal verde para o check-in. Para a garçonete, não importava que o cavalheiro recém-chegado de Londres não era britânico e tampouco tinha entendido a bizarra decisão do Tio Gordon de enquadrar a Islândia na lei anti-terror do Reino Unido e congelar os bens de instituições financeiras do país em território britânico.

A medida tinha sido uma maneira de pressionar o goveno islandês a rever a decisão de não garantir os depósitos de correntistas britânicos nos bancos do país - havia dinheiro até de forças policiais, atraídas pelos juros altos oferecidos pelha ilha gelada. Se não foi determinante para o colapso do sistema bancário islandês, a bravata vinda de Londres tampouco ajudou o mercado a se encher de confiança.

Mas houve dor no coração também, pois ver o nome do país numa lista encabeçada pelo Talibã e o Al-Qaeda ofendeu tanto políticos quanto islandeses comuns como Rita. E a retaliação parece estar a caminho: numa entrevista à BBC, o primeiro-ministro Geir Haade avisa que seu governo vai processar o do Tio Gordon, uma causa que advogados londrinos consideram procedente e passível de resultar numa multa de milhões para os cofres britânicos.

Claro que Haarde também está de olho numa cortina de fumaça num momento em que a economia do país encolhe mais rápido que uma uva na sauna - o prognóstico do Fundo Monetário Internacional é de um encolhimento de 10% do PIB em 2009 e a inflação já está batendo em 17%. Mas um novo incidente diplomático certamente não estava na lista de presentes de natal do premiê britânico...


Enviado por Fernando Duarte -
10/12/2008
-
22:36

All you need is cash - one moooore time

Não foi novidade, porque as intenções da Sony/ATV de usar sua parte do catálogo dos Beatles para o licenciamento puramente comercial já tinham sido anunciadas no ano passado. Mas na época do anúncio havia a promessa de bom gosto, que parece ter ficado no esquecimento com a pavorosa versão cantiga de ninar para ''From me to You'' que serve de trilha sonora para os comerciais de natal da cadeia de lojas mauriçola/patriçoca John Lewis.

O comercial marca o primeiro uso do gênero para material dos Fab Four no Reino Unido e uma guinada na estratégia do mundo Beatle - e com a bênção dos integrantes remanescentes ou das viúvas, que fique bem claro. Faltam três anos para que as primeiras canções de J,P,G&R caiam em domínio público por esses lados e a ordem parece ser gerar receita. Ainda mais num momento de queda vertiginosa de arrecadação com vendas de CDs.

Não por acaso, já há planos também para uma versão especial de ''Guitar Hero'' com músicas do quarteto liverpudiano, o que soa menos fora de contexto. Pode ser mero preciosismo do escriba aqui, mas será que Paul, Ringo e as viúvas de John e George realmente precisam de mais dinheiro a ponto de abusar do legado?

Quando estou quase me convencendo de que, de repente, os tempos são outros, surge o comercial da LG embalado por ''Good Vibrations''. Parem o mundo...


Enviado por Fernando Duarte -
4/12/2008
-
10:01

Noel com pires na mão

Abrimos a conta do mês de dezembro sentindo os efeitos de um frio mala (Marcelo-UK, meu mais fiel leitor, certamente há de concordar) e talvez um pouco mal-humorados. Mas prefiro ser sincero com vocês do que simplesmente bancar o cool.

Sim, acredito que o natal transformou-se numa mega farra comercial em que em tempos menos bicudos teria sido responsável por uma farra de anúncios já em setembro. Sim, vejo um significado espiritual cada vez menor aqui por esses lado e um materialismo gritante, do qual nem mesmo escriba aqui consegue escapar impunemente.

Mas há uma limite para a quantidade de dedos que aceito ser apontada. E dia desses, no metrô, minha tolerância desapareceu ao ver um anúncio em que a instituição de caridade em questão até apresentava um argumento interessante em relação a quão pouco dinheiro era necessário para ajudar no saneamento básico de uma aldeia no interior da África. Mas o tom de obrigatoriedade me irritou um pouco, ainda mais quando surgem histórias de que nem tudo reluzindo nas boas intenções é ouro.

 
Aqui por esses lados surgiu uma tendência de transformar doações em presentes éticos de natal. De cabras e saneamento para africanos a sêmen para a inseminação de gado em regiões do terceiro mundo, a idéia é achar um pouco de espírito natalino para ajudar regiões do planeta que precisariam de um Papai Noel a cada dia para viver em condições decentes. E também deixar o consumismo um pouco de lado.

O problema, além do discurso exagerado (será preciso ver imagens de criança definhando para achar que devemos ajudar causas filantrópicas?) é que o natal está se transformando na principal fonte de operações dessas ONGs, quase sempre para projetos específicos e mais atraentes em termos de marketing.

Sem falar que alguns grupos humanitários têm chamado a atenção para o efeito colateral de boas intenções: cabras, por exemplo, têm reduzido as áreas disponíveis para agricultura em algumas aldeias africanas, ao passo que dar uma vaca de presente para pessoas vivendo numa região de seca é duplamente irresponsável, tanto pela manutenção do animal quanto pelo fato de que ela bebe 90 litros de água por dia, 40 a mais que um ser humano.

''As campanhas atuais dão uma satisfação a curto prazo para o doador ao mesmo tempo em que podem provocar problemas a longo prazo para quem recebe as doações. Parece-me que as ONGs de caridade estão cinicamente querendo aumentar o volume de recursos no natal'', disse recentemente John Burton, diretor do World Land Trust.

Obviamente, Burton ouviu desaforos por parte das instituições envolvidas. Na verdade, questionar a caridade é sempre complicado em qualquer lugar do mundo. Pessoalmente, contribuo com algumas causas, mas não falo delas por uma simples razão: caridade tem que começar por impulsos próprios. Não por moda, ou por força da publicidade. Ou da culpa induzida.

 


Enviado por Fernando Duarte -
30/11/2008
-
12:03

Arrepios vindo da ex-colônia

Se britânicos estavam ou não entre os terroristas que levaram a cabo a carnificina de Bombaim parece irrelevante diante da constatação de que as autoridades de segurança do mundo inteiro têm pela frente a tarefa de lidar com a uma nova fase na luta contra o terrorismo. Até porque a participação de cidadãos do Reino Unido em atividades do gênero já não é novidade desde 2001, quando Richard Reid tentou explodir um vôo da American Airlines de Paris para Miami usando um sapato-bomba (sem falar no envolvimento doméstico nos atentados de Londres em 2005).

Bombaim mostrou para o mundo inteiro que não é apenas de uma mistura de amadorismo e radicalismo que vive o terrorismo islâmico. Enquanto até mesmo os seqüestradores do 11 de setembro estavam longe de ser gênios do crime, terroristas que conseguem atacar simultaneamente seis alvos em pleno centro financeiro da Índia mostraram um profissionalismo assustador para realizar atrocidades.

É nisso que os serviços de segurança de Sua Majestade vão precisar se concentrar, ainda que investigar a participação britânicos seja importante para investigar possíveis conexões com grupos atuando no Reino Unido. Que o país hoje é um dos principais centros de recrutamento de radicais na Europa nunca esteve em dúvida.


Enviado por Fernando Duarte -
24/11/2008
-
15:48

Fila de menos é demais

Eu e dona patroa vivemos batendo boca sobre percepções mútuas em relação aos países de origem. Na maioria das vezes meus argumentos são expostos quase intencionalmente para perturbar - o principal deles refere-se ao que vejo como uma espécie de prazer quase sexual dos britânico pela atividade de fazer fila. Dona Fleur jura que é apenas conseqüência da alta densidade populacional de Londres, mas para mim tem todo jeito de experiência social  (ou desculpa ideal para os papos que poderiam simplesmente transcorrer como diálogos desconfortáveis em outras situacões de convivência diária).

O que me surpreende é a velocidade com que uma fila se forma na capital. No Rio, eu pelo menos chegava ao banco sabendo que já iria encontrar a centopéia formada no banco. Aqui, chega-se com a agência vazia e, de repente, no instante em que a cabeça imagina haver tempo suficiente para pegar a guia de depósito e chegar ao caixa, cinco clientes aparecem do nada. Mas isso é coisa da vida: irritante mesmo é o desejo de querer explorar cada espaço vazio nos pubs, algo que ainda não consegui entender muito bem dada a quantidade imensurável de atrações do gênero por aqui.

Há até livros e websites dedicados ao assunto - volta e meia comparando filas a uma espécie de esporte. Mas há indícios de que o espírito esportivo é uma questão cada vez mais de folclore: uma pesquisa encomendada pela Visa, por exemplo  revelou que quase 40% dos londrinos vêm mudando de hábitos para escapar de aglomerações, mesmo que isso resultasse em horários loucos para compras ou malhação. E agora foi a vez do Royal Mail, a versão britânica da ECT, levar um pito da agência reguladora dos serviços postais.

O recado enviado aos executivos do correio de Sua Majestade (a empresa manteve o nome pomposo de estatal mas foi privatizada em 2001) foi simples: deixem de simplesmente imaginar que seus clientes gostam de se enfileirar. Segundo estudos dos fiscais, pelo menos um em cada cinco clientes do Royal Mail precisa esperar um mínimo de 10 minutos para ser atendido. Tempo que as autoridades consideram demasiado e que, segundo acadêmicos, é bem maior que a paciência dos clientes numa era em que a velocidade é promovida como virtude.

Ou seja: já não há mais o apelo dos anos em que o racionamento de mercadorias provocado pela Segunda Guerra dava um aspecto heróico às filas. Virou apenas algo sacal.

 


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