A Inauguração de uma Exposição Sobre Timor e a Apresentação do “Catálogo das Obras Impressas nos Séculos XV e XVI”

Associando-se ao nascimento do primeiro país independente do século XXI, a Marinha promoveu a exposição “Timor. Cinco Séculos de Presença, Contacto e Cooperação” a qual foi inaugurada, no passado dia 15 de Maio, na Biblioteca Central. Na ocasião foi apresentado o “Catálogo das Obras Impressas dos Séculos XV e XVI” respeitantes ao acervo da Biblioteca.

Relativamente ao catálogo, o Presidente da Comissão Cultural da Marinha, CALM Leiria Pinto, informou que esta publicação é a reedição, revista e actualizada, dos “Livros Impressos nos Séculos XV e XVI”, editada em 1972 e que constituindo o primeiro título da “Colecção Estudos” é uma obra de muito mérito levada a efeito pela Drª. Maria Emília Lavoura.

Foi esclarecido que a presente reedição se tornou premente, não só porque a  1ª edição se encontra esgotada há vários anos, como também pela necessidade de serem incluídas obras que entretanto tinham entrado na Biblioteca, provenientes de diversos legados. Também foi anunciado que está em preparação, com lançamento previsto para o próximo ano, uma versão em CD-Rom dos vários catálogos que nos últimos anos foram publicados, de obras pertences da Biblioteca.

Afirmou o CALM Leiria Pinto que o catálogo agora apresentado, fruto do aturado trabalho da bibliotecária Drª Alice Santos, a quem publicamente manifestou o seu agradecimento e apreço, iria estabelecer mais uma oportunidade para estudiosos e investigadores elaborarem os seus trabalhos e constituía uma clara demonstração da importante acção da Marinha em prol da Cultura.

Referindo-se à exposição sobre Timor, o Presidente da Comissão Cultural, declarou que considera Timor-Leste como um belo exemplo da presença, da persistência e do papel de Portugal nos mares orientais e de como dois povos podem vencer o espaço, o tempo e as várias vicissitudes impostas por uma longa relação de cerca de quinhentos anos. Apesar de durante largo tempo perdido e esquecido no imenso Império Português, esse alheamento, quase sempre involuntário não quebrou a progressiva aproximação entre timorenses e portugueses.

Foram depois salientadas as primeiras referências, ambas datadas de 1514, a Timor: a epistológica constatada na carta de Rui de Brito a D. Manuel I e a técnica constituída por uma carta náutica de Francisco Rodrigues. Igualmente destacada foi a acção da Marinha em Timor, particularmente nos fins do século XIX e inícios do XX, no sentido da pacificação do território e nos dias de hoje, apoiando a construção de um novo Estado.

Diário Náutico do NRP “Afonso Cerqueira” patente na exposição - Extracto do Quarto em que é relatado o início da invasão indonésia - 7 Dez 1975.

Seguiu-se a visita à exposição que está organizada nos seguinte núcleos: “Timor na Cartografia – As primeiras viagens”; “História e primeiros contactos”; “Mercadorias que valem em Timor”; “Usos e Costumes”; “Marinha em Timor”; “Timor na escrita dos oficiais de Marinha”. Das peças que podem ser observadas salientam-se as primeiras imagens de Timor na cartografia e também os primeiros registos escritos sobre a Ilha do Sândalo; documentação datada do século XIX relativa a assuntos administrativos de pessoal de Marinha; diários náuticos de navios de guerra em serviço em Timor nomeadamente o da canhoneira “Pátria”; o único levantamento hidrográfico publicado, levado a efeito no território por portugueses, o do porto de Díli, efectuado em 1945 após a ocupação japonesa e o roteiro de Timor de 1962, que apesar de quase meio século passado é o último existente, já que o roteiro de 1974 se perdeu quando dos acontecimentos de Agosto de 1975.

De referir ainda na exposição uma aguarela da autoria do Comandante Sousa Machado, feita quando Guarda-Marinha se encontrava embarcado, em 1945, no aviso “Gonçalves Zarco”, navio integrado nas Forças Navais de Recuperação da Soberania Portuguesa em Timor. 

(Colaboração da Comissão Cultural da Marinha)

AMIGO LEAL 

Valoroso Povo Timor Lorosae de então
Bravura sem par, herança dos antepassados;
Homens, mulheres e crianças de armas na mão
Em defesa, pertença dos antepassados;

No rosto pairavam sentimentos de amargura
Na perda da estimada família ente querida;
No coração vibra briosamente coragem e bravura
Na luta para a independência, meta preferida;