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Nº 354 JUNHO - 2002 Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas Dia da Marinha - Mensagem do ALM CEMA Entrega
de Comando na STANAV- História da presença da Marinha em Timor Novo regime legal de Autoridade Marítima Fiscalização da actividade da pesca - 2001 |
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Assim, a
partir dos anos 40 começaram a ser construídas estas infra-estruturas
nas principais capitais europeias. Lisboa não fugiu à regra, e em 1965
foi instalado um moderno Planetário cujo projector principal foi
custeado pela Fundação Calouste Gulbenkian, através de uma doação
de cerca de 7700 contos. Ao Estado coube a construção da
infra-estrutura, no valor de 4500 contos, ficando a sua manutenção e
operação entregue à Marinha que já suportou cerca de 2 milhões de
contos até hoje, a preços actuais. Com esta construção
harmoniosamente enquadrada no complexo museológico dos Jerónimos, a
par do Museu de Marinha e numa zona tão emblemática como Belém,
satisfazia-se uma velha aspiração da Sociedade Astronómica de
Portugal, fundada em 1917, ao mesmo tempo que se concretizava o antigo
sonho de um ilustre oficial de Marinha e brilhante astrónomo-amador, o
Comandante Eugénio Conceição Silva. O seu espírito
inventivo e meticuloso contribuíram decisivamente para a instalação
no nosso país de um moderno aparelho de projecção que permitia
visualizar a esfera celeste em qualquer lugar e em qualquer momento,
constituindo um magnifico instrumento didáctico ao alcance de todos,
permitindo desse modo uma ampla divulgação da ciência astronómica a
um povo com uma tradicional vocação de descoberta, ou não tivessem os
nossos navegadores conseguido descobrir novos mundos com base na navegação
astronómica. O projector ZEISS,
modelo IV, é um projector óptico-mecânico fisicamente constituído
por um corpo cilíndrico com uma grande esfera em cada uma das
extremidades. No interior de cada uma destas esferas está instalada uma
lâmpada de 1000 W rodeada por oito lentes semi-esféricas. Na face
plana destas existe um filtro opaco com orifícios rigorosamente
dimensionados e localizados. É a projecção, na cúpula, da luz que
passa por esses orifícios, que representará o céu estrelado. No corpo cilíndrico
encontra-se um projector para os astros móveis, isto é, todos aqueles
que ao longo do tempo vão variando as suas posições relativamente às
estrelas, essas sim, astros fixos. Assim, com este projector
representam-se o Sol e os 5 planetas do Sistema Solar mais próximos da
Terra e, que são observáveis à vista desarmada. Outros projectores,
considerados independentes, mas solidários com o projector principal
permitem a representação da Via Láctea, de estrelas variáveis,
de núvens, da órbita descrita pelo cometa Donati, para além
das linhas e planos de referência como o equador celeste, a eclíptica,
o meridiano do lugar, estes mais usados em apresentações técnicas
dedicadas à astronomia de posição. No topo de cada uma das grandes
esferas referidas são visíveis outras 2 pequenas esferas que se
destinam à projecção dos nomes das constelações celestes. Considera-se que
nas melhores condições de visibilidade é possível observar à vista
desarmada cerca de 6000 estrelas. O projector ZEISS – Mod. IV permite
a projecção de cerca de 7200. Este conjunto dispõe
de vários graus de liberdade de movimento permitindo a simulação dos
movimentos de rotação e translação da Terra, que originam a sucessão
dos dias e das noites e as estações do ano e ainda do movimento de
precessão que permite mostrar o diferente aspecto do céu para uma
qualquer data á escolha dentro de um período aproximado de 26000 anos.
Outro grau de liberdade permite variar a posição do observador na
superfície terrestre possibilitando a viagem do pólo Norte ao pólo
Sul. Desta forma conseguem-se visualizar estrelas e constelações
que não são visíveis em Portugal. O projector está
instalado no centro de uma sala circular, com 330 lugares sentados,
encimada por uma cúpula de
23 metros de diâmetro, constituindo um dos maiores planetários do
Mundo. Apesar de já ter atingido o limite da sua vida útil
estabelecido pela Zeiss, e apresentar evidentes sintomas de cansaço,
depois de mais de 37 anos de trabalho ininterrupto continua, ainda
assim, a mostrar um magnífico céu estrelado. Com previsão da
sua substituição para o final de 2003, o velho Planetário é
merecedor de descanso em lugar de honra e será não só visto como
Património Cultural da Marinha, mas também continuará a ser olhado
com a mesma admiração e respeito a que sempre esteve habituado.
Planetário
Calouste Gulbenkian (Texto de Conf. Teresa Barbosa, CTEN Proença Mendes e CFR Franco Facada) |